segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quebrando chaves em fechaduras


Tantas direções e escolher somente uma.

Como se as demais não valessem tanto a pena.

Como se o caminho fosse único.

Com a sensação de um cego diante do precipício.

Sem medo de ser feliz ou ser triste.

Atropelando a razão, me atiro.

Quebro chaves em fechaduras, para não deixar morrer o que sinto.

Sinto, não sei como, não sei o que, nem por quanto tempo.

Tempo que passa devagar, quase parando, quando não estou ao seu lado.
 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Esperando o luar


Escrever até que saia pelos dedos o fogo que me consome.

Viver intensamente o tempo que passa em câmera lenta.

Sentir, o que outrora julguei não ser possível experimentar.

Turbilhão de pensamentos que não se unem para formar frases.

Apenas palavras soltas povoam a tela do computador que aguarda elementos de ligação.

Sem frase, nem oração.

O texto aparentemente desconexo ganha forma assustadoramente perigosa.

Linha tênue entre realidade e fantasia.

Receio de transbordar de alegria.

O sol lá fora está a brilhar.

Aguardo a lua, para poder respirar.

Ofegante, espero o luar.

Tempos malucos, Modos esquisitos

Imagens e palavras


Comecei este blog como forma de terapia.

Não pensava em ser lida.

Mas hoje com pouco mais de 3500 acessos, a maioria de fora do Brasil, uma sensação estranha me ocorre.

Como estranhos de tantos cantos do mundo gastam o seu tempo lendo o que escrevo.

Será que encontram algum significado?

Será que o que eu quis expressar há que ser entendido?

Outro dia, em viagem, conheci uma moça que gostava de poesia e ela me perguntou se não era eu que tinha um blog.

Por alguns momentos me senti nua.

Uma completa estranha havia lido o que de mais íntimo há em mim.

Depois pensei: “mundo pequeno” - e fiquei feliz pelo incidente.

Então, é isso, mundo deliciosamente estranho.

Agora estou com um projeto de transformar o que escrevo em imagens.

Se alguém ler alguma coisa e associar a alguma imagem, peço a gentileza de encaminhar para o meu e-mail, com o nome e fonte e texto que se encaixa.

A intenção é de que seja amadora, assim como eu.
Pode ser gravura, foto, desenho...

Meu e-mail é vivi.argemi@hotmail.com.

Abraços a todos que acompanham este blog.

Obrigada, Vivi.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Saída


Por aqui já passei.

Em outros tempos, julguei não haver saída.

Mas outra vez em minha vida me enganei.

A saída aponta para novas entradas.

Parada, decido pela melhor porta.

Será a mais bonita?

A mais ampla?

Ou a complicada?

Estranho caminho cheio de partidas e chegadas.

Cheio de saídas e entradas.

Então


“Então”, me dizes.

Como se fosse fosse algo continuado.

Como se eu tivesse que continuar alguma coisa.

Como se coubesse a mim a decisão acerca do futuro.

“Então”, respondo.

Desviando da pergunta não feita.

Esquivando-me dos laços.

Feliz pelos tantos passos.

Então, cabe ao tempo.

Produzir esquecimento.

Conduzir a outros lugares.

Então, quem sabe algum dia,

em dado momento,

você leia meus pensamentos.

Então, saberá que o que nos afasta não é você, nem eu.

É o nós, que insiste em juntar na primeira pessoa do plural duas almas completamente singulares.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A Viagem


Em breve estarei voltando ao lugar onde feita a promessa.

A de retornar quando algo tivesse sido realizado.

Com a sensação do dever cumprido, arrumo as malas.

A nova câmera irá registrar novos momentos.

E nova promessa, quem sabe, me faça retornar mais uma vez.

Com que olhos será que irei admirar as mesmas paisagens?

Será que verei algo de novo?

Não faz um ano e tudo mudou em mim.

Com o local, será que foi assim?

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Novo pensamento


Grandes prédios se atravessam no meu horizonte.

E eu já não vejo o mar.

Mesmo que lá não estivessem,

Já estou distante,

Não quero voltar.

Melodias de buzinas alucinadas substituem os sons do violão.

A lentidão do retorno não se dá pela distração.

Em primeira e segunda marcha, não há pegadas pelo chão.

Outra noite que chega, não há mais confusão.

Madrugada silenciosa não assombra qualquer sombra de arrependimento.

Nem mesmo por ficar acordada, sem esboçar qualquer sentimento.

O vazio, que outrora incomodava, dá lugar a novo pensamento.

O de que a volta pra casa carece de poesia.

Naquela noite, as estrelas foram testemunhas, não teve luar.

Palavras jogadas ao vento, conduziram a um só momento.

E o tempo não quis parar.

Não houve pressa, não restaram lembranças, nem sofrimento.

Livre pássaro a voar.

Com seu canto, anuncia o novo dia que chega.

Esquece por onde passou, mas sabe voltar.
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

o soneto que não escrevi

As cores que não vivi reproduzo na tela.
Como esperança de senti-las na pele.
Dos sonhos que não sonhei, desperto, acordada.
Em algum momento, a realidade dirá se isso foi bom ou foi ruim.


Na estrada comprida, aproveito o caminho e desvio dos desvios.
Não curto nada que encurte e vida.
Ando devagar porque não vejo sentido na pressa.
Lentamente posso admirar o interessa.


Do passado não me escondo quando teima em voltar.
No presente, sou mais eu e posso voar.
Desejo, no futuro, não me preocupar.


Escrevo por escrever as coisas mais banais.
Sem medo de que alguém as leia e creia serem reais.
E pro soneto que não escrevi, me faltou a rima, a métrica e o ritmo.

Quadro

Foi há algum tempo,
que entre ilusões e devaneios,
me perdia sem ter freios.
Hoje, contemplando a lua, me agrada o preto e branco.
Do colorido que não enxergo, não sinto falta.
Das horas perdidas em labirintos, tampouco.
Descubro novas cores, misturando as tintas com o pincel.
Em frente à tela inacabada, imagino novas possibilidades.
Caminho como se tudo pudesse esperar os meus passos.
Quanto aos laços, não me refugio mais em demasiados abraços.
Novos traços, formam no desenho algo que não pode se captar apenas com os olhos.
Há que ser sentido com a alma.
Como se o tempo não fizesse sentido.
Como se não existisse mais nada.
Como se todos os sinais fossem facilmente compreendidos.
Buscando a repetição de uma pintura outrora composta, esbarro em nova concepção.
Não sou mais a mesma, concluo.
Dessa forma, não é mais possível reproduzir o quadro perdido.
Não que o mesmo tenha sido esquecido.
Mas porque novas paisagens aguardam por serem coloridas.
Antes, imagens floridas; hoje, desenhos abstratos.
Do surto que tive, fiz um desenho, que tudo explicava e tudo fazia sentido.
Multicolorido e cheio de passagens e símbolos.
Signos que expressavam sentimentos eternizados agora na parede de um velho bruxo.
Não poderiam estar em lugar melhor.
Fosse em outro lugar, não seriam lidos.
Fossem outras circunstâncias, não seriam concebidos.
Mas voltando a imagem que ora pinto, verdade, guarda certa semelhança.
Não que o momento fosse novamente reproduzido, apenas pela esperança de poder traduzir na superfície o que se passa no pensamento.
Imagens que, com o vento, se destorcem,
Dando o formato perfeito a ser alcançado.
Novo dia passa e permanece inacabado.
Noite chega, há de ser concluído na madrugada.

Ideias soltas

Não escrevo poesias.
Anoto ideias soltas que flutuam no meu pensar.
Às vezes com rimas, apenas para rimar.
Não as reviso, tal como aparecem as aprisiono no papel com o lápis.
Senão as esqueço.
De algumas nem quero lembrar.
Mesmo assim não as apago.
Assim, quando vier o branco das ideias, lembro que já fui pensante.
Para o bem ou para o mal, sigo adiante.
Olhando para trás, não vejo nada que me prenda a momento distante.
Contemplo o tempo, tema recorrente.
Por vezes não o entendo.
E das coisas que penso, ele está sempre presente.
Ainda que em momento ausente.

Inclusão

Onde vais que não te alcanço?
Limitada estou eu aqui de pé, enquanto corres sentado.
Superação.
Palavra que levanta barreiras
e faz um mundo tão cheio de fronteiras
dar passagem a quem anseia por acessibilidade.
O que enxergas que não vejo?
Quem sabe um mundo sem cores.
Talvez cheio de sombras.
Mas nos sons, cheiros e toques colores o que está além da visão.
O que ouves que não escuto?
Com teus sinais formas frases inteiras.
Completas de significância refletem quem anseia por comunicação.
E o que espero desse mundo?
Que as diferenças não sejam obstáculos.
Que a felicidade esteja ao alcance de todos.
Que as limitações sejam vencidas com força de vontade.
Que a inclusão não seja apenas palavra solta.