sexta-feira, 4 de abril de 2014

Quadro

Foi há algum tempo,
que entre ilusões e devaneios,
me perdia sem ter freios.
Hoje, contemplando a lua, me agrada o preto e branco.
Do colorido que não enxergo, não sinto falta.
Das horas perdidas em labirintos, tampouco.
Descubro novas cores, misturando as tintas com o pincel.
Em frente à tela inacabada, imagino novas possibilidades.
Caminho como se tudo pudesse esperar os meus passos.
Quanto aos laços, não me refugio mais em demasiados abraços.
Novos traços, formam no desenho algo que não pode se captar apenas com os olhos.
Há que ser sentido com a alma.
Como se o tempo não fizesse sentido.
Como se não existisse mais nada.
Como se todos os sinais fossem facilmente compreendidos.
Buscando a repetição de uma pintura outrora composta, esbarro em nova concepção.
Não sou mais a mesma, concluo.
Dessa forma, não é mais possível reproduzir o quadro perdido.
Não que o mesmo tenha sido esquecido.
Mas porque novas paisagens aguardam por serem coloridas.
Antes, imagens floridas; hoje, desenhos abstratos.
Do surto que tive, fiz um desenho, que tudo explicava e tudo fazia sentido.
Multicolorido e cheio de passagens e símbolos.
Signos que expressavam sentimentos eternizados agora na parede de um velho bruxo.
Não poderiam estar em lugar melhor.
Fosse em outro lugar, não seriam lidos.
Fossem outras circunstâncias, não seriam concebidos.
Mas voltando a imagem que ora pinto, verdade, guarda certa semelhança.
Não que o momento fosse novamente reproduzido, apenas pela esperança de poder traduzir na superfície o que se passa no pensamento.
Imagens que, com o vento, se destorcem,
Dando o formato perfeito a ser alcançado.
Novo dia passa e permanece inacabado.
Noite chega, há de ser concluído na madrugada.

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