terça-feira, 6 de maio de 2014

Abismo


Senti o tamanho do abismo quando ele disse “cuidado”.
Frio na barriga, arrepio.
Como se tudo fosse incerteza.
Como se nada fosse dar certo.
Arrisquei algumas linhas.
Mas nada fazia sentido.
Frases lidas e apagadas, vazias de poesia.
Descrever o tamanho do buraco não me levaria ao tombo?
Mas daqui o vejo com riqueza de detalhes.
Requintes de crueldade.
Penso em voltar, me afastar de mais esse perigo.
Algo me prende e me mostra a bela vista que se tem a beira do precipício.
Fecho os olhos e deixo o vento levar as nuvens carregadas de chuva.
Observo a tempestade que se forma.
Grandes raios cortam o céu.
E como se nada tivesse acontecido, eis que, de repente, surge o sol.
Leve brisa anuncia a calmaria.
Entre dias cinza e azulados, distraio-me com as bruscas mudanças de temperatura.
Sem capa ou guarda-chuva, não tenho medo de andar na rua.

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