quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Se te visses a tardinha

Se te visses a tardinha, a noite e a madrugada seriam poucas
para acabar com essa magia que os segundos do teu lado me despertam.
Nem o cansaço nem o sol do outro dia me fariam parar.
Se te visses a tardinha, a seda vermelha pularia do meu corpo para o chão do quarto,
te daria razões para sorrir de verdade e colocaria para fora todo este desejo que preenche meu olhar.

Se te visses a tardinha, nos teus abraços adoraria me perder.

Baseado: "Se tu viesses ver-me" de Florbela Espanca

"Penso, logo existo." - Será?

Não quero revolucionar os livros de filosofia, nem também ser prepotente a ponto de dizer que os que citarei e que estão errados em todo.
Porém gostaria de isolar determinados pontos.
Vejamos, inicialmente, o discurso do método de René Decartes, onde deu-se a famosa frase: "Penso, logo existo" (ergo sunt - conforme original).
Proponho, então,  considerarmos que o pensar é não-matéria, pois conceituar o próprio,  seria limitá-lo, e vista a sua condição ilimitada e infinita de ser e existir, não seria possível delimitar este!
Baseado nesse próprio argumento, vemos a condição do ser vivente,  constituído de matéria,  que segundo Decartes, existe porque pensa!
Realmente,  não poderia existir um homem desprovido de pensar (apesar de eu conhecer alguns...).
Mas onde quero chegar, é exatamente o inverso disso .
Há seres unicelulares, como a ameba, que realmente não possuem a capacidade de raciocínio.
E já que para tudo o que há, existe algo inversamente proporcional, consideraria eu, então,  que poderia haver o não-ser, dotado do pensar!
Segundo o discurso,  René apresenta-nos que o pensar é o único ponto que somos incapazes de abstrair.
Mas há uma falha aí,  não é pela incapacidade humana de desconsiderar algo, que deve ser aceito, que por isso,  e somente por isso existimos .
Como já foi dito, o pensar, é livre, não pode ser delimitado e tolido em palavras tamanha sua dimensão.
Sou prepotente ou Decartes estava errado?
Não é dado obrigatoriamente que exista algo, simplesmente porque eu possa vir a pensar que ele existe!
Posso supor inúmeras coisas, e, nem por isso, elas têm de existir, apenas porque penso que elas existem.
Quero tentar apresentar um novo argumento, de forma diferente da anterior, onde tenho também como propósito mostrar que o discurso do método pode estar errado!
Se considerarmos que só existo, e, quando digo isso, refiro-me ao próprio tratado de Decartes, só posso considerar-me um ser existente, baseando-me na única prova empírica, de que penso, então pressupõe-se que a força do meu pensar, vai muito além da simples expressão "força criadora", então ela realmente cria?!
Contesto este, apresentando o exemplo de um unicórnio cor de rosa, de olhos azuis e ferraduras douradas! Não é por que eu projeto em minha mente , e que talvez até possa aceitar como verdade a sua existência, que tornaria-o real!
Assim como o unicórnio, não seria capaz, somente com a força do seu pensar, projetar-me vividamente em frente a mim...

Autoria: Coelho (O que não é o Paulo)

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Envelhecer

Envelhecer nunca sai de moda, pois é inato.
Envelhecemos desde que nascemos.
Só os sobreviventes chegam ao ponto de dizer que estão velhos.
Portanto, é um privilégio que nem todos têm.
Nunca sabemos quando será o final dos nossos dias, poderá ser aos 5 anos de idade.
Portanto, esteja perto de quem você ama e tudo será mais leve, saboroso e aconchegante.
 Saiba que nós também somos o que não temos coragem de fazer, pois o medo é uma defesa e uma característica evolutiva, que nos protege de situações que podem nos levar a um risco de vida ou apenas de dores psíquicas.
 Certo que não podemos nos aprisionar no medo, mas devemos tratar ele como um elemento natural da vida.

Por isso, não tenha medo da velhice.

Autoria: Jean Carlo Theis

domingo, 11 de outubro de 2015

Dia da criança

Não digo que as crianças não devem ganhar presentes amanhã.... mas acredito que um iphone ou algo do tipo não seja adequado. Os presentes mais valiosos que ganhei dos meus pais que eu me recordo foram uma batadeira, pois adorava fazer bolos como uma boa gordinha e o mais importante: um livro. que marcou minha vida, Cecília Meireles, ou isso ou aquilo. Estava em dúvida entre o q pedir um livro ou uma barbie... Minha mãe até poderia ter me dado os dois, mas foi então que a poesia fez sentido em minha vida e deixei de brincar com bonecas para tentar entender aquelas palavras tão simples que estavam naquele livro. Obrigado Vera Lucia Argemi por não ter me dado uma barbie também.

sábado, 10 de outubro de 2015

Segunda chance

E se estamos aqui vivendo apenas a nossa segunda chance?  Para consertar os erros da vez passada? Isso explicaria os dejavus, as coincidências, as pessoas que conhecemos há tão pouco tempo e parece que conhecemos há anos!
E se hoje ja for a segunda chance que você espera um dia ter ?
Eu não sei responder essa pergunta, e nenhum de vocês aqui também não! Mas um conselho eu posso dar...
Sendo essa a primeira, a segunda ou a última chance de fazer o certo e corrigir os erros, viva como se sua vida fosse terminar a meia noite,  e agradeça ao universo a todo amanhecer, por ter lhe gratificado com mais uma oportunidade,  a hora é agora, os minutos em que iniciei esse texto, já são parte do passado, e falando nele, guarde apenas as boas recordações,  lastimar suas falhas e guardar mágoa , não te levam a lugar nenhum, seu coração é pequeno demais para ocupa-lo com lamúrias e demais sentimentos negativos. E quanto ao futuro?! Deixe acontecer, ele só será resultado de suas escolhas no hoje, levantem suas cabeças e espalhem os bons sentimentos, compartilhem o puro amor! Se tiveres que dizer que ama alguém,  diga hoje, amanhã poderás não ter essa oportunidade,  faça tudo para viver longe do arrependimento, este é um dos mais cruéis pesares ! Amem mais, compartilhem esse sentimento e que o mesmo seja recíproco a todos aqueles que tem o coração puro o suficiente para desfrufa-lo em sua plenitude !
E por último,  seja feliz, lembrando que para isso, é mais fácil fazer alguém feliz , e assim , desfrutar a reciprocidade deste !

Autoria: Coelho, (nao o paulo)

sábado, 26 de setembro de 2015

Eis me aqui

Foi aquele 18 de outubro que o tempo parou e começou a correr diferente.
A música tocava mo fundo da alma.
Foi o dia mais feliz e o mais triste.
Daqui a 1 mês e 4 dias farão 5 anos.
Sempre que escuto a tal música volto àquele dia.
Onde o tempo parou, onde tudo fez sentido e depois se dissipou.
Como uma nuvem após a tempestade.
Sozinha, me espalhei por aquela cidade, desconstruindo uma vida que mais tarde ganharia algum sentido.
Deixei fragmentos por todos os lados, na busca desse sentido que não se mostrava pra mim naquele momento.
Em conversas imaginárias me despedi de todos com que convivia.
No rosto da minha mãe, vi os rostos das mulheres que passaram por mim naquele dia.
De olhos fechados, segui por um destino, aceitando que não estava no controle da minha vida.
E quem está?
Aceitei o destino.
Hoje ele me trouxe até aqui.
E já me perdi e me encontrei, desconstruí e contruí várias vezes desde então.
Daquele dia, lembro com carinho das pessoas por quem passei e das que, em silêncio, disse adeus.
Aquele dia está enterrado no meu passado, mas torna-se latente, toda a vez que escuto aquela música.
Foi passado, presente e futuro de uma vez só.
Foi clareza e contradição.
Rodeei-me de estrelas.
Estive a um passo do precipício.
Não pulei.
Nem o quis fazer.
Mas de certa forma aquela pessoa que vivia em mim morreu.
Outra nasceu.
No mês que se seguiu àquele dia, voltei a ser criança.
Não bem me lembro em que ponto voltei a ser adulta.
A rotina me levou de volta aos poucos.
Várias lagartas, várias borboletas.
Uma série de metamorfoses.
Então, eis me aqui.
E nunca consigo responder sem titubear quem sou, para onde vou e o que faço aqui.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Os ponteiros do relógio

Os ponteiros menores dão duas voltas. 
Acordei e dormi no mesmo lugar. 
Posso dizer que sou a mesma. 
Os ponteiros não mudaram nada hoje. 
Nem ontem. 
Talvez no amanhã que nunca chega. 
Tantos dias se passaram e eu passei por eles incólume.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Poemas perdidos


Há poemas perdidos, pemas não lidos...

Onde será que estão?

Mofam em algum quarto úmido?

Empoeiram-se em gavetas repletas de papéis que servem de alimento às traças?

Há poemas perdidos e são bons...

Quero lê-los.

Quero vivê-los.

Há poemas não escritos, pronunciados num piscar de olhos, numa virada de cabelo, num silêncio bem resolvido.

Há poemas inesquecíveis...

Que os poetas tenham sensibilidade e não nos privem deste convívio.

Jean e Vivi

terça-feira, 7 de julho de 2015

Mais um dia, menos tempo...

Os passos silenciosos dos segundos que passam no meu relógio.

Não passam o tempo, não são o tempo.

São fantasmas de momentos que não são vividos.

São tempo perdido.

Esses passos que não passam.

Esse tempo que não muda com o tempo.

Essa espera pelo alarme que toca todo dia silencioso no mesmo horário.

E essa vida que se vive fora desse tempo.

É interrompida pelo silencioso trocar de números ociosos.

Onde a vida pára no tempo, apesar do tempo passar.

Mais um dia, menos tempo.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Palavras

19/05/2015

Por onde passo escrevo palavras.
Assim, deixo um pouco de mim.
Quem sabe um dia retorne para buscá-las.
Mas as deixo, ciente de que não mais me pertencem.
Na viagem, ficam as letras.
No chão, os rabiscos amassados junto com outros papéis.
No coração, completo, o calor de uma alma que está repleta, transbordando de alegria.

A Rede

18/05/2015
O que me dizes se não me olhas.
Buscando o encontro de olhares, tropeço nos dedos que teclam infinitas mensagens.
A rede aproxima os distantes.
Mas também separa, ainda que por breves momentos, os que estão perto.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Um dia me disseram

Um dia me disseram: és poeta...
Mas não me prepararam para os tempos de vazio, as noites de insônia e as crises existenciais...
Um dia me disseram: és poeta...
Mas não calaram a voz que grita aqui dentro e o silêncio inquietante que às vezes me atormenta...
Um dia me disseram e eu nem quis ouvir o que, talvez porque duvidasse, talvez porque não fizesse diferença o que os rótulos estavam a me enquadrar...
O silêncio se fez distante, a voz pensante e o caminhar teve rumo...
Olhando para trás, talvez não importe o que eu sou, talvez seja algo que eu esqueci e sonhei um dia...
Um dia me disseram: és poeta...
E aquilo, de fato, alguma coisa significou, mas hoje não mais faz sentido...
Porque parece algo esquecido nas sombras dos meus pensamentos.
Algo distante e que eu estranho.
Um dia rimas e palavras faziam todo o sentido.
Hoje, não passam de rabiscos as poucas linhas que escrevo.
Escrevo e apago, como se nunca existissem, como se fizessem parte de um segredo que não quero dividir.
Um dia me disseram: és poeta...
e eu nada disse, como que quase consentisse.
Como se fossem atingíveis, como se fossem compreensíveis os textos que escrevia.
Um dia me disseram:  és poeta...
E Eu neguei, neguei até tal ponto que duvidei e, da dúvida, até aceitei.
Um dia me disseram: és poeta...
Mas esse tempo ficou pra trás, esquecido como uma porção de outros sonhos mais.
Foi-se o tempo que andava na corda bamba.
Foi-se o tempo da bohemia.
Mas não foi-se o tempo em que vivia.
Um dia me disseram: és poeta...
Então fiz análise, até que eu mesma me dei a cura.
E de tanto me dizerem, dei-me por convencida de que todos estavam errados e de que os loucos não precisam ser curados.

quarta-feira, 11 de março de 2015

O backspace


O backspace do teclado, se falasse, diria:

Por que escreves, se apagas?

Decida-se!

Não há o que não mereça ser lido.

Dê uma chance às letras que eu consumo.

Talvez tragam algum significado.

terça-feira, 3 de março de 2015

Vida corrida


vida corrida que passa a esquina.

passa a porta, passa o carro

e o cachorro parado abana o rabo

vida intensa, vida feliz

vida que não é possível ter bis

escrevo por escrever

sem pontos, apenas algumas vírgulas

a pressa e a necessidade conduzem meus dedos pelo teclado

há tempos abandonei a agenda que usava de caderno

comprei um caderno bonito florido, mas as ideias se foram

restaram folhas traçadas em branco

a pintura da pintura também está inacabada

algumas coisas ficaram por não se acabar mesmo no ano passado

este novo ano hão de ser concluídas

ou talvez esquecidas

ou adormecidas

quem sabe um dia acordem e se resolvam sozinhas

enquanto isso pincéis empoeirados, tintas paradas, canetas cheias de carga