quinta-feira, 15 de maio de 2014

Papel em branco


O que cabe neste papel em branco?

Desenhos e palavras não são suficientes para expressar o sentimento.

Livre voa com o vento.

Desejo de pertencer a algum lugar no qual se quer estar.

Das linhas que aprisionam pensamentos ao tempo se esconde.

Mas são as letras que compõe a riqueza das palavras que encontras.

Quantas frases irão expressar o que não foi dito?

Orações ocultas para sujeito determinado.

Signos repletos de significado.

E, quando nada fizer sentido, completar o desenho colorido com traços pincelados ao acaso.

Preencher os espaços vazios com cores vibrantes, expressando a euforia de quem lê o que sequer foi escrito.

O quê já não importa.

O onde já é distante.

O quando é inconstante.

O quem é mutante.

Distante de tudo que outrora era presente.

Aproximando-se do que julgou ser fantasia.

Imagens carregadas de poesia.

Interpretadas pelos loucos que juram que faz sentido.

Poema que quisera ser visto e traduzido.

Mas, ao invés disso, jaz esquecido, no fundo de alguma gaveta cheia de outros rabiscos.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Abismo


Senti o tamanho do abismo quando ele disse “cuidado”.
Frio na barriga, arrepio.
Como se tudo fosse incerteza.
Como se nada fosse dar certo.
Arrisquei algumas linhas.
Mas nada fazia sentido.
Frases lidas e apagadas, vazias de poesia.
Descrever o tamanho do buraco não me levaria ao tombo?
Mas daqui o vejo com riqueza de detalhes.
Requintes de crueldade.
Penso em voltar, me afastar de mais esse perigo.
Algo me prende e me mostra a bela vista que se tem a beira do precipício.
Fecho os olhos e deixo o vento levar as nuvens carregadas de chuva.
Observo a tempestade que se forma.
Grandes raios cortam o céu.
E como se nada tivesse acontecido, eis que, de repente, surge o sol.
Leve brisa anuncia a calmaria.
Entre dias cinza e azulados, distraio-me com as bruscas mudanças de temperatura.
Sem capa ou guarda-chuva, não tenho medo de andar na rua.